Minha ultima estada ali, avia sido no mes de Abril, quando toda a minha família ainda moravam ali, nessa mesma época, meu pai, tentado a vender tudo e ir de mala e cuia para Mato Grosso, conseguiu realizar seu sonho vendendo o nosso terreno, a nossa casinha, e a nossa cachoeira que tanto amávamos, pra ele um sonho, pra mim, um pesadelo, acho que eu era a única que torcia contra tudo aquilo, nunca concordei com a idéia de minha familia se mudar pra tão longe, muito menos de saber um dia que aquilo tudo ali não seria mais nosso... Meu coração doia só de imaginar, e quando tudo aconteceu, eu estava lá, meu pai veio dando anotícia todo sorridente, e ao mesmo tempo me dando uma punhalada no peito, que fazia meu coração sangrar, sentindo a segunda pior dor que eu enfrentava naquele mes, visto que a primeira, avia sido com o falecimento de meu avô, uma das pessoas que mais gostava de mim nesse mundo. No inicio não acreditei, desejei muito que tudo fosse um sonho mau, e que eu me acordasse e pudesse ver que tudo era mentira, mas era verdade, e os dias que se seguiram a partir dai para mim, foram só de lágrimas, eu não me cansava de olhar tudo a minha volta a toda hora, a plantação de café, que foi uma conquista nossa, do nosso suor, e de muito trabalho para escolher os grãos, encher saquinhos de areias, plantar a semente, aguar todos os dia até ve-las brotar, crescer e ser plantada por nossas mãos no solo da terra, debaixo de um sol tão escaldante que só mesmo Deus para nos dar forças, e que agora ja crecidos, quase cobriam nossa casa que se perdia dentre as folhagens verdes, com aquele terreiro enorme a sua volta, que era usado por nós, para secar o café que colhiamos dali, com tanto sacrificio, com as mãos feridas de arrastar os grãos pelos galhos, at+e estarem todos em uma peneira que amarravamos na sintura, e que as vezes pesava muito...

Por muitos dias, me torturava, tentando colocar dentro de mim aquilo que estava me sendo tirado, viajava em meus pensamentos sentada nas pedras, olhando as águas borbulharem e correrem tranquilas e sobre as pedras, fazendo aquele barrulho de cachoeira que por muitos anos, embalaram os meus sonhos, e me ninaram pra dormir, era uma canção maravilhosa e única para mim. E ali ficava eu, horas e horas, observando tudo cuidadosamente como se nunca tivesse visto aquele lugar antes, meu olhar se perdia imaginando coisas... Coisas que somente o meu coração conseguia imaginar, via o sol se por todos os dias ali, com medo de acordar no dia seguinte e estar em outro lugar. Para a minha tortura, o dia de eu vir embora se aproximava, Belo Horizonte me esperava, e eu não podia fugir daquela realidade. No dia de partir, me levantei cedinho, para dar uma ultima olhada em tudo, e antes de me despedir, entrei em cada comodo da casa, observando pela ultima vez como tudo estava, as camas, as bagunças aqui e ali... Tentando memoirsar tudo, pra nunca esquecer, as lágrimas rolavam, e eu sabia que nunca mais veria tudo aquilo de novo, não daquele jeito, nem aquelas coisas. Não queria air de dentro da casa, não queria ter que ir embora, mas meus passos mesmo contra a minha vontade, foram me afastando aos poucos de tudo aquilo que meus olhos rasos de água, não conseguiam para de olhar pra traz, até dar a ultima olhada e saber que dali pra frente eu não avistaria mais a nossa casinha.
Quase dois meses depois, meus pais se mudaram, e para a minha sorte, no mes de agosto, tive que retornar ali, a pedido de meu pai,para pegar um documento no sindicato para minha mãe se aposentar, claro que não coloquei nenhuma barreira nesse pedido, e de muita boa vontade, mas com o coração na mão, ali estava eu outra vez no lugar dos meus sonhos...

Fui andando devagar, hora parava, hora sentava a beira do caminho... Tirei o sapato, amarrei o cabelo, meus pensamentos se perdiam em tudo, meus olhos procuravam observar cada detalhe do caminho, como se eu não passace por ali a séculos o dia estava gostoso, ar puro, pássaros e incetos de diversas espécies, cantavam alegres, invisiveis no meio dos matos, eu nunca os via, apenas ouvia a sinfonia que juntos podiam fazer...
Estava cansada, e minha bolsa parecia mais pesada ainda do que antes, meus ombros doíam, mas eu tinha que carrega~la, e na medida que fui andando, fui sentindo uma mistura de dor, não pelo cansaço mas por saber que desta vez, não seria como das outras vezes ,pois eu não iria encontrar minha mãe que sempre me recebia de braços abertos, meu pai, que raramente estava nas minhas chegadas...Os meninos... Sorrindo em volta, desconfiados... Nada seria como antes, e isso me doía o coração que se misturava com uma tristeza de saber que lá não era mais nosso, e ao mesmo tempo, me sentindo alegre pelo simples fato de poder estar novamente ali...

Ao chegar na estrema do visinho com o nosso terreno, logo notei a diferença, a cerca de arame estava reformada, coisa que nunca aviamos feito, não daquele jeito,porteira nova, bem feita, e eu a empurrei para abri-la como se nunca tivesse abrido outra antes, bem devagar, e com muito orgulho por estar ali, entrando novamente no lugar que tanto amava, Agora, diminui o ritmo dos passos, precisava prestar mais atenção em tudo a minha volta, como se não tivesse feitoo isso durante toda a caminhada, como se eu não pisasse ali a um milhão de anos.